Alasca
Por: Viaje Mais/Laís Duarte
Nem precisava ser tão bonito. Nesse gélido e longínquo pedaço de chão, o qual se espalha entre o Mar de Bering e o Oceano Ártico – e que, a partir de cidades como Anchorage, Juneau (capital do Alasca) e Fairbanks, pode ser explorado de trem ou de carro –, a natureza foi generosa: desertos a perder de vista, montanhas azuis, florestas que se esparramam por vales... Tudo numa imensa região que por centenas de anos foi habitada pelos esquimós e só tornou-se parte do território americano no século 19, quando os Estados Unidos compraram a área do Império Russo pela bagatela de US$ 7 milhões.

Os americanos acreditavam que os recursos naturais das terras frias seriam, no futuro, um senhor negócio. Acertaram em cheio: hoje, o Alasca é responsável pela produção de 30% do petróleo consumido no país. Porém, mesmo com o progresso e com o dinheiro que corre por ali, morar no Alasca ainda é um desafio que poucos encaram.


Assim, o maior Estado americano é também o menor em densidade populacional: tem cerca de 680 mil habitantes, 0,42 por metro quadrado. Um terço deles vive em Anchorage, a maior cidade do Estado, uma metrópole desenvolvida como qualquer outra, mas com um quê de interior. Há sim grandes avenidas, mas poucos prédios; famosas redes de hotéis e simples cabanas; corre-corre no centro financeiro e gente hospitaleira que cumprimenta mesmo sem conhecer.

Caminhar pelas ruas de Anchorage é mergulhar um pouco no dia-a-dia dos nativos. Inúmeras lojas vendem artesanato feitos pelos esquimós utilizando pele de animais, marfim e jade. Na maioria das vezes, são os próprios representantes das tribos que recebem os turistas. Para os que preferem moda às extravagâncias populares, boutiques apresentam um sem-fim de ofertas, desde os casacos mais pesados até minissaias – por incrível que pareça, as mulheres conseguem usar minissaia no Alasca.

 
Cultura
 
Anchorage
Por: Viaje Mais/Laís Duarte
 
No sacolejo do trem ou do carro, permita-se chegar a Fairbanks, uma aconchegante cidade conhecida como o coração do Alasca por estar no centro de seu território e por guardar toda a tradição e os costumes da população local.

Na praça central, um monumento celebra a relação do homem com os animais: a estátua dos esquimós ao lado do husky siberiano parece vigiar a todos. Aos pés da escultura, flores para os primeiros habitantes, gente que desbravou uma terra sob condições tão adversas simplesmente por buscar uma vida melhor. Em cada placa, o aviso: ninguém ali ostenta o fato de ser americano. Orgulho mesmo é nascer no Alasca.

Tudo em Fairbanks é um convite à curiosidade. Há feiras com produtos locais, sorveteria no gelo, temperos exóticos, lojas de artesanato oferecendo desenhos talhados em minúsculos pedaços de ossos, facas e bijuterias típicas.
A cidade de 30 mil moradores tem também uma universidade modelo, orgulhosa de suas raízes. No campus, os prédios são brancos para homenagear a neve, companheira quase o ano todo.

Arte nativa

O museu universitário instiga os olhos e o coração. Estão ali preciosidades da arte regional, obras de pintores que retrataram o que é lidar e sobreviver no Alasca. Dê asas ao seu talento para bisbilhotar. Abra a porta da sala reservada, sente-se e apenas escute. Como o Alasca está no Círculo Polar, no topo da Terra, cientistas instalaram no solo sensores que captam o movimento do planeta. As ondas são transformadas em sons e luzes. É de impressionar e encantar que o “barulho” esteja à nossa volta o tempo todo, desde que o mundo é mundo, mas nunca paramos para ouvir a “voz” do nosso planeta.

Em Fairbanks, o céu também garante um espetáculo, que adquire cores e contornos inimagináveis no inverno. É que a cidade é um dos melhores pontos do mundo para visualizar a aurora boreal – são mais de 200 oportunidades por ano de apreciar a dança frenética de luzes a rasgar o manto negro da noite, que adquire coloração e desenhos inusitados.

Os nativos deram um significado místico ao fenômeno: acreditavam que eram luzes que as almas velhas acendiam para guiar os recém-falecidos – ou que eram batalhas entre deuses. Para os artistas, hoje, é poesia. Os religiosos acreditam que seja um sinal divino. Para os cientistas, é um choque celestial. Assim, a aurora boreal é um fenômeno ótico em que os raios que serpenteiam no céu são produzidos em função do choque dos ventos solares com o campo magnético da Terra, transformando o céu das regiões polares num espetáculo de cores luminosas, que mesclam o vermelho, o azul, o verde, o violeta....

O nome do fenômeno foi dado por Galileu Galilei, em homenagem à deusa romana do alvorecer, Aurora, e ao deus que rege os ventos do Norte, Bóreas. Com base nessa definição, aproveite. No Alasca, todos podem se sentir um pouco deuses, pelo menos por uma noite.
Gastronomia
 
Salmão
Por: Viaje Mais/Laís Duarte
 
Adeptos da boa mesa se fartam em restaurantes típicos, mas também não faltam representantes da gastronomia contemporânea e até os habituais fast foods. Uma das melhores pedidas é o salmão fresco, que lá é tão trivial como o nosso arroz com feijão. O peixe está em todos os menus, servido de maneira sofisticada, com temperos naturais ou simplesmente grelhado com batatas. Pode pedir porque é sempre muito delicioso.

Depois de cometido o pecado da gula, é bom atender ao chamado da preguiça e procurar se aquecer do frio que os brasileiros sempre acham que está fazendo. Mas, como seria uma ofensa à própria felicidade aproveitar a siesta nas dependências de um hotel, o melhor é zanzar pelos lagos e bairros tradicionais de Anchorage, sempre emoldurados pelas montanhas Chugah, que enchem os olhos.
Roteiro
 
Urso Grizzly
Por: Viaje Mais/Laís Duarte
 
Sele o compromisso com você mesmo de ver de perto animais silvestres inimagináveis no Brasil. Não, você não precisará fincar os pés no barro congelado. No zoológico de Anchorage é possível dar de cara com a raposa do Ártico, alces, bois-almiscarados e até ursos polares.

O passeio pode ser estendido até o Heritage Museum, que guarda a herança que os esquimós passaram aos seus descendentes. O museu é uma vila cercada pela floresta. Cada casa é o “lar” para uma tribo de nativos mostrar como sobreviveram ao longo dos séculos, em meio ao nada.

Alasca

Para enfrentar as intempéries da natureza, que não são poucas – tempestades, temperaturas extremamente baixas, escuridão por meses a fio –, mulheres se aproveitaram do que tinham em abundância na região e exercitaram dons. Roupas e sapatos são tecidos com couro de focas e renas e capas de chuvas nascem da pele, costurada à mão, dos peixes. Também aprende-se ali que nenhum dos dialetos das tribos tem uma palavra para definir “frio”, pois nunca fez calor na região, não justificando a existência do termo.

Baleias no caminho para Seward
 
Hora de cair na estrada. Siga de Anchorage para Seward, no extremo sul do Alasca, numa viagem na qual não custa nada perder um pouco de tempo para ganhar em emoção. No caminho, parte à beira-mar, parte por entre as montanhas, esteja de olhos bem abertos para não perder o espetáculo das belugas, baleias brancas e brincalhonas que colorem a viagem.


Rasgando rodovias escorregadias, o vilarejo de pescadores de Seward está 200 km depois. Tudo é de uma simplicidade infinita, mas acolhedor ao máximo. Pequenas casas, gente simpática e restaurantes saborosos movimentam o povoado que vive da pesca e do turismo. Não são poucos os que aportam ali em busca de uma visão rara em tempos de aquecimento global: gigantescas geleiras.

De volta à terra firme, embarque no prazer de visitar o aquário de Seward. Além das espécies raras, como os puffins, cativantes papagaios-marinhos, o aquário é um museu interativo sedutor para crianças de todas as idades.
Saindo do vilarejo e rumando para o norte, a vegetação ganha mais corpo, as montanhas crescem. Depois de 580 km Alasca acima, estacione no Parque Nacional Denali, um santuário da vida animal. Afinal, em que outro lugar no mundo você seria obrigado a parar o carro para esperar uma família de lobos calmamente cruzar a estrada?

Ali, paisagens estarrecedoras surgem a cada instante, mas o maior atrativo do parque é o Monte McKinley, o pico mais alto dos Estados Unidos, com 6.194 metros, e um paraíso para os escaladores.
 
Serviços
 
Dalton Road
Por: MSN Viagens 
 
A temperatura média no inverno é de -24°C e de 8 °C no verão. Mínimas podem facilmente chegar aos -50 °C, e máximas dificilmente superam os 15 °C. A temperatura mais baixa já registrada não somente no Alasca,  mas bem como em todo os Estados Unidos em geral foi registrado em Barrow, -62 °C, em 23 de Janeiro de 1971.